sábado, 19 de março de 2011

Maria Gadú põe CCB ao rubro


A cantora e compositora paulistana Maria Gadú (carioca por adopção e coração) é conhecida em Portugal, basicamente, por um grande sucesso incluído na 'trilha sonora' de uma telenovela da TV Globo: 'Shimbaliê'.


Anunciando-se a sua presença em Lisboa, na noite de sexta-feira no Centro Cultural de Belém, para um concerto “intimista”, a verdade é que o evento se traduziu numa experiência de pura felicidade, para intérprete e espectadores.

Balizada pela simplicidade – alguns dos 20 temas foram acompanhados apenas com um violão – as expectativas foram amplamente superadas.
A jovem, que parece ter menos que 24 anos (qual criança esfusiante fazendo repetidamente acenos à plateia e deixando transparecer uma incontida alegria e agradecimento por cantar longe de casa e ser recebida por gente “tão queridinha”), apresentou-se vestida de rapazinho com camisa e jeans, ténis nos pés e boné na cabeça, com um ar tão andrógino quanto doce.
Há quem lhe chame a nova Cássia Eller – a roqueira que, inesperadamente, desapareceu em 2001 – o que não é, de todo, inusitado. Porém, quando canta em inglês, Maria quase nos lembra uma espécie de Tracy Chapman na melhor tradição da MPB (Música Popular Brasileira).
A sua voz, encorpada e quente, é menos meiga que a genuinidade e generosidade com que se apresenta, e, apesar de alguns laivos de gravidade, não é confundível com um timbre masculino.
O espectáculo, em que, sobretudo, os muitos brasileiros na plateia, trautearam a maioria das canções, começou com 'Encontro', seguindo-se dois grandes êxitos, o acima citado 'Shimbaliê' e 'Bela Flor'.

Prosseguiu com outras canções do seu reportório nas quais se incluíram 'A História de Lily Braun' e 'Podres Poderes', duas “homenagens” respectivamente a Chico Buarque e Caetano Veloso.

Deu, depois, uma ternurenta interpretação do clássico 'Trem das Onze' e cantou 'Who Knew', roubado a Pink, que deu a entender ser o epílogo do show.

De volta ao palco ainda ofereceu cinco encores – nos quais se ouviu um 'gauche' 'Ne me Quittes Pas' de Jacques Brel, com uma batida algo precipitada - e, em repetição, o doce 'Shimbaliê', cantado em uníssono por toda a sala.
Com muitas palmas e gritos se despediram a cantora e os cinco músicos - sóbrios mas muito eficazes, atrás de Gadú, revelando-se os cúmplices perfeitos para ajudar a dar relevo e colorido à voz e viola – deixando atrás de si um palco vazio e uma belíssima imagem daquela que, em Portugal, ainda está com uma carreira em fase de arranque.

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